Há duas figuras no origami que, segundo creio, são considerados clássicos: o elefante e a borboleta, é algo assim como que todo criador que se preza, deve ter criado um elefante ou uma borboleta, ou ambos. Isso não é mais que uma apreciação puramente pessoal, tal vez motivada pela grande quantidade de elefantes e borboletas existentes no origami.
Eu, por sorte, estou salvo dessa questão, dentro da minha pouca criação, existem os dois.
“Farfalla ligeira” canta Adriana Calcanhoto.
“No lago Zulú, o casulo de seda da larga lagarta, do corpo de estrela, virada no vento não vai mais rasteira, terá vida nova...
E disso se trata, borboletas, que me acharam em uma escala em São Paulo. Com um atraso de duas horas. E que é o que se pode fazer no aeroporto, senão dobrar papel? Que é o que se pode fazer no meio de uma viagem, senão metamorfosear-se no meio dos dois mundos em que me comparto? Ser borboleta, ser monarca para que o tempo nos passe pelo lado sem quase darmos conta? Aí, então, no meio do corredor vi uns papeis de propaganda de American Express, só que esses papeis não eram nem quadrados nem retangulares, senão circulares e de uma cartolina um pouco dura, representavam uma moeda com a estatua da liberdade num lado, dizendo "Levar dinheiro para o exterior pode ser mais prático", certamente, se o levasse. poderia tomar um café de 5 dólares ou passear pelo "Free shop" e comprar inumeráveis coisas, inclusive papeis para origami, perfeitamente quadrados e belamente estampados. Porem, não era o caso
“...farfalla ligeira, farfalla ligeira, farfalla ligeira.
Então peguei umas quatro ou cinco "moedas", sentei, e papel em mão comecei a dobrar, creio que foi a primeira vez que dobrei papel circular, e, na realidade, só dobrei para passar o tempo, não pensei que fosse sair alguma coisa interessante, e depois de dobrar perpendiculares e diagonais (se fosse quadrado) para minha surpresa apareceu esta borboleta, metamorfoseada desde uma redonda e gorda lagarta, saída de um casulo plástico "ultra tech" do meio de um corredor de aeroporto.
“Levada na cor recorta do ar o cheiro da flor o rito do mar. Mais foge de mim na ponta da mesa ou posa no prato de lousa chinesa. Farfalla ligeira...

Lembrei depois da historia das borboletas "Monarca", que recorrem milhares de quilômetros, Será que fazem escalas no meio?, certamente não em Guarulhos. Vi algumas delas em Salvador, que devem ter perdido o rumo por causa de um gene defeituoso, ou pelo vento que lhes soprou errado, obrigándo-as a dar uma passadinha pelas praias de Salvador. Miúda pena a das borboletas.
Já de volta em casa, depois de dobrar mais uma vez a minha borboleta, tentei com um quadrado, e constatei a minha suspeita, também sai uma borboleta com as mesmas dobras, alem da possibilidade de fazer umas pernas dianteiras bem definidas, mais isso é para uma outra vez.
“farfalla ligeira, farfalla ligeira, farfalla ligeira.”